Um grande desafio

Esta é uma postagem sobre um dos grandes desafios que já engrentei ao longo da minha carreira na engenharia, quando em maio/2012 li um artigo no noticiário veiculado pela internet sobre um reservatório do tipo elevado, feito em concreto armado, modelo taça, com 06 pilares, com capacidade de 250 m3 (250.000 litros) de água potável, de uma cidade do interior do RS, o qual estava inclinando devido a um recalque no solo junto da base. Fiz contato com a concessionária local para confirmar a situação e informei que tinha interesse em ver de perto e que gostaria de apresentar uma solução técnica que preservaria a estrutura e o colocaria novamente em operação no sistema de abastecimento da cidade. Após visita ao local, análise de cópia do projeto, elaborei um Relatório Técnico, para embasar o orçamento da solução a ser adotada, onde constavam os principais dados coletados, altura total 23,80 m, altura entre terreno e fundo do reservatório 14,20 m, altura do corpo do reservatório 10,20 m, altura interna 8,60 m, volume útil total 319 m3, volume operacional 250 m3, peso estimado da estrutura 347 ton, carga total estimada quando em operação em torno de 667 ton, valor do recalque na base 35,4 cm ocasionando um ângulo de inclinação de 3,07º na direção Norte, provocando uma excentricidade em torno de 1,30 m em relação ao eixo vertical central da estrutura. Certamente iria tombar caso não estivesse sido escorado pela equipe técnica da empresa local operadora do sistema de tratamento e distribuição de água para a cidade.A boa notícia é que verifiquei ser possível recolocar no prumo e reforça as fundações, criando novas estacas auxiliares às existentes, considerando que toda a estrutura acima do solo estava intacta. Descobrimos ao longo da obra, depois, que duas estacas foram sofreram cisalhamento devido a inclinação do reservatório, por motivo óbvio, como previsto em obras que inclinam nesta ordem, como descrito acima. Então, apresentei como solução recolocarmos no prumo, com macacos hidráulicos e depois executarmos estacas do tipo MEGA, sob a base bem como criarmos uma viga em forma de anel sob a parte externa da base dos pilares, em concreto armado e sob esta, colocarmos mais algumas estacas. A grande vantagem desta solução era a de que saberíamos exatamente a capacidade de carga das estacas, ou seja, cravaríamos até que o manômetro indicasse a capacidade de carga projetada para cada estaca de forma ao novo conjunto suportar toda a carga da estrutura, deixando as estacas antigas existentes apenas como uma segurança a mais. E, as duas estacas cisalhadas seriam recuperadas com graute, como foram ao longo dos trabalhos. Bem, no total foram 18 estacas do tipo Mega e em torno de 3 meses o reservatório foi recolocado no prumo e teve as fundações reforçadas corretamente. O custo total da obra inclusive com uma nova impermeabilização interna foi a metade do que a concessionária previa gastar, ou seja o custo/benefício compensou. Não foi necessário desmanchar nem refazer o reservatório. Todo o processo levou em torno de 1,5 anos até que a equipe técnica da concessionária aceitasse a solução, fizessem 3 licitações (que deram vazias, não havia empresa no Sul do Brasil com capacidade técnica para realizar esta obra), para então contratarem como emergencial, pois a cada dia aumentava o risco do reservatório tombar no meio da praça onde estava localizado e poderia causar um sério acidente envolvendo pessoas, moradores locais. Na época, precisei achar uma empresa em SP, com equipe e equipamentos com capacidade técnica de executar o trabalho com toda a garantia e seguindo as Normas Técnicas vigentes estruturais e de segurança. Já passaram 7 anos e pelo que sei o reservatório está operando até hoje, apesar de que já construíram outro reservatório próximo para atender a mais Bairros devido ao crescimento populacional, pois este reservatório existente é dos anos 70 quando a população era bem menor.Seguem algumas imagens e quem quiser saber mais algum detalhes técnico sobre esta obra, é só enviar mensagem que responderei prontamente.